sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"Anthineia"



É um Sun Light 30, modelo construído pelo estaleiro Jeanneau entre 1986 e 1990 (600 unidades). Originalmente com 8,90 metros de comprimento, este modelo ganhou mais 30 cm em 1989 passando para 9,20 metros (7,7 m de linha de água). Tem 3,23 metros de largura e 1,45 m ou 1,78 m de calado (2 versões de quilha fixa) e um motor IB de 18 cv.(fonte: Guides des Voiliers d'ocassion - Editions Loisirs Nautiques)



Anthineia - a minha história...
Comprei o meu barco em França, La Rochelle, em 2001. Foi lançado à água em 1991 e sou o segundo proprietário, isso significa que já tinha nome.
Acho que o meu barco tem um nome fantástico. Isso é bom porque não tive de fazer aquele esforço desagradável que alguns de nós já conhece, de ter de me adaptar a um nome que não nos diz nada, ou pior ainda, que nos incomoda. Todos nós conhecemos barcos com nomes que nos arrepiam.E como os ditames da tradição marinheira dizem que os barcos são como as pessoas, o nome que lhes for dado deve ficar para toda a vida ou então o azar pode bater à porta, considero-me um felizardo.
Tem um nome feminino, que na tradição da Europa central é normal, mas que na tradição marítima lusitana não é muito frequente, até porque para nós a palavra "barco" pertence ao género masculino, mas mesmo assim gosto muito.
ANTHINEIA, é o nome do meu barco.
A perspectiva mais mística e animista desta tradição, diz-nos que com o nome que lhe é dado, cada barco adquire carácter, comportamentos e até sensibilidades próprias. Assim seja, digo eu.
Na língua francesa ANTHINEIA significa ANTIGONA, personagem de elevada nobreza na mitologia grega.
ANTIGONA filha incestuosa de Édipo e Jocasta, é a mais corajosa e elevada encarnação do amor filial e fraterno. Nascida para amar e não para odiar, enfrenta a tirania com indomável firmeza, opondo os ditames da consciência à razão de Estado e à obediência política, embora sabendo que tal atitude lhe vai trazer uma condenação terrível.
"Movidos pela rivalidade, seus irmãos Etéocles e Polinices lutam e matam-se um ao outro no campo de batalha. Creonte, seu tio e novo rei de Tebas, presta supremas honras fúnebres ao cadáver de Étocles mas proíbe que se dê sepultura ao corpo de Polinices, deixando o seu corpo no campo de batalha para que este seja devorado pelas feras e pelas aves de rapina, porque este tinha feito alianças militares com Argos, inimigos do reino de Tebas. Para dar conhecimento desta proibição Creonte publica um édito real onde ameaça de morte quem desobedecer à proibição.
ANTIGONA, no entanto, cumpre o que a consciencia lhe dita: cuida piedosamente dos despojos do corpo do irmão, mesmo sabendo o que lhe custaria tal infração ao édito real. Cumprindo o que havia decretado, o seu tio manda encerrá-la viva num sepulcro, onde morre.
"Sobre este episódio da mitologia, Sófocles, escreveu uma das mais belas obras da literatura clássica grega, um indelével monumento à Coragem e à Solidariedade, valores que são importante em terra, mas talvez ainda o sejam mais no mar.

Alberto Neves

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