quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Moby Dick em manutenção



Com alguns meses de atraso por via da confusão habitual dos berços da marina, finalmente o Moby Dick foi encalhado para a limpeza das obras vivas e pintura antivegetativa.
Espicaçados pelo bom aspecto do tratamento do casco e deck que o Barrabaz (Coco classe Mini 6.50) levou, decidimos também fazer o mesmo, e recuperar o azulinho brilhante que já teve.
O programa ficou assim definido:
- primeiro a limpeza do casco até ao gel coat para depois se aplicar um antivegetativo para dois anos, depois polir as obras mortas para puxar o brilho e recuperar o azul original e limpar as madeiras e reaviva-las com oleo de teka.  Duas semanas em seco deveriam chegar.
I - Obras vivas, Preparação
Depois de retiradas algumas camadas de antivegetativo antigo (n camadas), confirmamos que o gelcoat também era azul. A surpresa foi a descoberta de algumas bolhitas indiciadoras de princípio de osmose, dispostas ao longo da linha central numa banda de 10 cm, principalmente da quilha para a ré, provávelmente devido a algum fenómeno associado à junção dos moldes, já que se pode identificar uma linha central bem definida.
Perante a situação, decidimos aproveitar a oportunidade para fazer um tratamento preventivo anti osmose como deve ser. A obra passou logo para mais de um mês...
 
 
Quanto às bolhas no gelcoat, abriram-se com uma fresa esférica no berbequim e na zona de maior concentração, na linha central da quilha para a ré,  levantou-se com uma rebarbadora todo o gelcoat naquela faixa de 10 cm. Havia pouco líquido, mas assim o trabalho ficou definitivo e limpinho. O laminado estava perfeito. Agora era esperar!
 
 
Enquanto se esperou pela completa secagem do casco, limpou-se a quilha até ao ferro e aplicou-se um primário epoxy , em 4 demãos. Após esta primeira fase trabalhos o Moby Dick ficou três semanas em descanso, a secar.


 II Obras vivas, Tratamento.
Depois de bem seco mediu-se a humidade residual em vários pontos para confirmar, e pudemos então avançar para a parte mais trabalhosa.
A reconstituição da superfície exigiu encher com betume de epoxy (Watertite da International). É muito fácil de trabalhar, embora a aplicação nas superfícies maiores seja algo delicada, pelo menos nas primeiras vezes.  Acho que no próximo vai ser mais rápido... O mais difícil é lixar (com uma orbital, lixa 50 e depois 80 e 120), principalmente quando estamos a lixar por cima da cabeça.  Uma lixadora profissional e uma boa máscara são ferramentas que ajudam na produtividade e segurança.
No final, para a superfície ficar toda igual, passou-se mais uma vez todo o casco com lixa 120.
Cada vez gosto mais dos optimist. Nunca pensei que um barquito de 21 pés tivesse mais superfície do que um petroleiro...


Depois seguiu-se o tratamento de protecção do casco, com 4 demãos de epoxy, Gelshield 200 da International. É fácil de aplicar, mas consome muitos rolos e luvas. No final ficou pronto para o antivegetativo. Desta vez vamos experimentar o Micron extra EU, também da International, que em 4 demãos deve dar para dois anos (veremos...).
 

III Obras mortas e deck

Depois de concluído o tratamento às obras vivas, confiamos ao Cláudio o tratamento das obras mortas. Depois de uma lavagem com detergente e água limpa seguiu-se uma boa polidela. Agora ficou brilhante, mas realça os pequenos defeitos superficiais de uma moldação industrial e das cicatrizes de guerra...
 
Por fim uma lixadela nas madeiras (ainda bem que são poucas) e muito óleo de teka. Os rails voltam a parecer teka.
 
Estará pronto para mais duas décadas de leais serviços. Parece que ainda foi ontem, mas este casco já tem vinte anos.
Em 2002 era assim:


Agora está parecido, ou até melhor.
 
 
No passado sábado foi para a água. Bons ventos!

António Soares
 

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