Com alguns meses de atraso por
via da confusão habitual dos berços da marina, finalmente o Moby Dick foi
encalhado para a limpeza das obras vivas e pintura antivegetativa.
Espicaçados pelo bom aspecto do
tratamento do casco e deck que o Barrabaz (Coco classe Mini 6.50) levou,
decidimos também fazer o mesmo, e recuperar o azulinho brilhante que já teve.
O programa ficou assim
definido:
- primeiro a limpeza do casco até ao gel
coat para depois se aplicar um antivegetativo para dois anos, depois polir as
obras mortas para puxar o brilho e recuperar o azul original e limpar as
madeiras e reaviva-las com oleo de teka. Duas semanas em seco deveriam chegar.
I - Obras vivas, Preparação
Depois de retiradas algumas
camadas de antivegetativo antigo (n camadas), confirmamos que o gelcoat também era azul. A surpresa
foi a descoberta de algumas bolhitas indiciadoras de princípio de osmose,
dispostas ao longo da linha central numa banda de 10 cm, principalmente da
quilha para a ré, provávelmente devido a algum fenómeno associado à junção dos
moldes, já que se pode identificar uma linha central bem definida.
Perante a situação, decidimos aproveitar a oportunidade para fazer um tratamento preventivo anti osmose como deve ser. A obra passou logo
para mais de um mês...
Quanto às bolhas no gelcoat,
abriram-se com uma fresa esférica no berbequim e na zona de maior concentração,
na linha central da quilha para a ré, levantou-se com uma rebarbadora todo o
gelcoat naquela faixa de 10 cm. Havia pouco líquido, mas assim o trabalho ficou
definitivo e limpinho. O laminado estava perfeito. Agora era esperar!
Enquanto se esperou pela completa secagem do casco, limpou-se a quilha até ao ferro e
aplicou-se um primário epoxy , em 4 demãos. Após esta primeira fase
trabalhos o Moby Dick ficou três semanas em descanso, a secar.
II Obras vivas, Tratamento.
Depois de bem seco mediu-se a
humidade residual em vários pontos para confirmar, e pudemos então avançar para
a parte mais trabalhosa.
A reconstituição da superfície
exigiu encher com betume de epoxy (Watertite da International). É muito fácil de
trabalhar, embora a aplicação nas superfícies maiores seja algo delicada, pelo
menos nas primeiras vezes. Acho que no
próximo vai ser mais rápido... O mais difícil é lixar (com uma orbital, lixa 50 e
depois 80 e 120), principalmente quando estamos a lixar por cima da
cabeça. Uma lixadora profissional e uma
boa máscara são ferramentas que ajudam na produtividade e segurança.
No final, para a
superfície ficar toda igual, passou-se mais uma vez todo o casco com lixa 120.
Cada vez gosto mais dos optimist.
Nunca pensei que um barquito de 21 pés tivesse mais superfície do que um
petroleiro...
Depois seguiu-se o tratamento de
protecção do casco, com 4 demãos de epoxy, Gelshield
200 da International. É fácil de
aplicar, mas consome muitos rolos e luvas. No final ficou pronto para o
antivegetativo. Desta vez vamos experimentar o Micron extra EU, também da International,
que em 4 demãos deve dar para dois anos (veremos...).
III Obras mortas e deck
Depois de concluído o tratamento
às obras vivas, confiamos ao Cláudio o tratamento das obras mortas. Depois de uma lavagem com
detergente e água limpa seguiu-se uma boa polidela. Agora ficou brilhante, mas
realça os pequenos defeitos superficiais de uma moldação industrial e das
cicatrizes de guerra...
Por fim uma lixadela nas madeiras
(ainda bem que são poucas) e muito óleo de teka. Os rails voltam a parecer
teka.
Estará pronto para mais duas
décadas de leais serviços. Parece que ainda foi ontem, mas este casco já tem
vinte anos.
Em 2002 era assim:
Agora está parecido, ou até melhor.
No passado sábado foi para a água. Bons ventos!
António Soares
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