sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Moby Dick, nova vida, bons ventos!



Caros Amigos,
Foram 15 anos de leal e total cumplicidade com o extraordinário pequeno, no entanto enorme, veleiro,  Moby Dick de seu nome.
Desenhado pela dupla J.M. Finot e Pascal Conq (groupe Finot), construído pela Bénéteau, foi apresentado ao mercado em 1992 no salão de Paris. O First 210 marcou de imediato uma diferença abismal para a concorrência. A seu lado todos os outros pareciam uma bota da tropa..., marchavam..., mas não era a mesma coisa ...
Logo com as primeiras fotos e avaliações da imprensa especializada, ficou claro que teríamos que o ter. Foi uma questão de tempo. Em 1999 conjugaram-se os astros e concretizamos o projecto.
Não nos enganamos.
Ainda hoje, passados 20 anos e algumas designações comerciais, 210, 211, 21.7 e 20, continua a ser a referência no seu segmento, combinando como nenhum outro um misto de sensações e performance da vela ligeira, com a habitabilidade, segurança e sentido prático de um pequeno cruzeiro.
Na altura era conhecido um em Viana, outro na Figueira da Foz e talvez dois ou três em Lisboa. Como o mercado era curto, fomos a França buscá-lo. A viagem por estrada até Leixões foi sempre a rolar. Uma directa desde Hendaye, com uma volta ao circuito de Vila Real às duas da madrugada à procura de combustível (para o carro), já que o vento era fraco.
Os três meses de espera pela legalização foram uma dureza. Vê-lo estacionado na marina e não poder navegar foi difícil, mas depois foi uma delícia todos os momentos bordo.

 
Em 2001 participamos no troféu das regatas Atlânticas da Amizade, organizadas pelo Clube Naval de Leça, com a conquista do primeiro lugar que valeu uma bela taça. Há quem diga que nasceu aqui a maldição do Moby Dick: A taça ficou no clube e logo a seguir este ardeu. Nunca mais aceitamos nenhum troféu... O melhor das duas edições do trofeu do CNL foi de facto o convívio com a malta da vela, e as amizades que se criaram com quem partilha da mesma paixão pelo mar e natureza.
O azulzinho dum figa, como dizia um dos nossos amigos, que no Trident se "picava" por ultrapassar o Moby Dick nas nossa aventuras.

Ficará registado nas nossas melhores recordações, uma descida da Póvoa para Leixões, com vento acima dos 15 nós, com o spi em cima e a vela grande toda aberta. Andamento de loucos, nunca baixamos dos 9 nós e com picos de 12 nós nas surfadelas da boa vaga que se fazia sentir, magnífica cavalgada nas ondas, sempre com uma estabilidade assegurada pelos dois lemes.
Foram também bastantes horas passadas debaixo do casco a lixar e a aplicar o antifouling. Nestas ocasiões a sua superfície fazia lembrar um petroleiro. O bricolage faz parte do gozo de ter um veleiro!


À bolina, com nortada rija, mantem sempre um leme no controlo. Mesmo adornando quase a 45º, conforme as imagens documentam, a segurança é manifesta. Para a velocidade será melhor rizar o pano, mas o gozo está lá todo, mesmo quando a proa levanta as ondas frias no inverno e molha a tripulação de surpresa.


Foram inúmeros os momentos felizes de convívio com os amigos da vela, nos percursos à vela, nos passeios à Póvoa, ao Douro, à boia da Madalena, ou só dentro da bacia de Leixões. Ao longo destes últimos anos, estes momentos foram sendo documentados no blog e tiradas centenas de fotografias, senão milhares, para mais tarde recordar. Os First 210 e sucessores tem destas coisas, fazem amigos...
 


Pois bem amigos, já perceberam que somos fãs incondicionais do JM Finot e dos First.
Chegado outro Finot e First (300 Spirit) de nome Bogavante há cerca de 1 ano, o First 210 esteve praticamente parado e à venda até este fim de semana, tendo sido ontem concretizada a passagem para um novo proprietário.
Um First 210 renascido, um novo proprietário tão feliz como nós fomos, um novo "amigo da vela", são os nossos desejos.
 
Moby Dick, obrigado e bons ventos para a nova vida!

António Soares
Francisco Alba

Nota: com vários milhares de fotos tiradas ao longo dos anos, é sempre difícil identificar o autor de cada foto. Tiago Sousa (curso de fotografia), Fernando Abel, Paulo Lima, Timo, Francisco Alba e .....De modo a não haver falhas, um agradecimentos aos amigos da vela de todos os tempos!

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